História do Município de Dona Inês        

A história de Dona Inês começa para valer a partir de 1852, que é a inscrição mais antiga que se tem notícia, cravada na fachada da Igreja-Mãe, onde foi o núcleo da vila que se tornou emancipada em 1959. Conta a história oficial que por volta de 1800, vaqueiros em busca de reses encontraram uma mulher branca de nome Inês, acompanhada de um negro, acampada ao pé do enorme lajedo onde existe até hoje um pequeno açude de nome Cajueiro. Essa mulher dita como fina e bonita nunca mais foi vista, mas a sua passagem não foi jamais esquecida, vindo a dar nome ao lugar. Em 1852, Dona Inês pertencia a Bananeiras, local muito desenvolvido de ocupação desde o século XVII, quando Domingos Vieira e Zacarias de Melo receberam Sesmarias na região, cuja produção de cana-de-açúcar e de café era muito grande e permitiu a formação da nobreza política e a construção dos seus casarões e escolas e até a linha férrea. Por essa época, Araruna também já era uma vila desenvolvida, suas terras pertenciam a um homem importante de Bananeiras chamado Estevão José da Rocha. Do outro lado havia Caiçara e Serra da Raiz, esta encravada no alto da Serra da Cupaóba, palco de combates entre portugueses e aliados índios Tabajaras contra franceses e aliados índios Potiguares. Então é de se supor que a Serra de Dona Inês, situada no meio desses três locais anteriormente desenvolvidos, também se povoou bem mais cedo do que se tem notícia. É inegável que na serra habitavam os índios da nação potiguar haja vista os sinais rupestres encontrados na Pedra do Letreiro, localizado no riacho da Serra, tributário do Rio Curimataú.

Sendo parte do território de Bananeiras, assim como Araruna, Borborema e Solânea, Dona Inês não conseguia se desenvolver, pois tudo ia para a matriz. De fato, Bananeiras conseguiu um grande avanço devido atrair cidadãos poderosos economico-político-socialmente, encantados com o clima e com o solo, além da água farta. Em 1850, Bananeiras atingiu o apogeu, o seu café concorria com o café paulista e se supunha que ali nasceria uma nova São Paulo, mas o sonho foi por água abaixo pelo aparecimento de uma praga que botou tudo a perder. Não obstante, já estava montado o parque de casarões, de instituições imperiais, escolas, etc.

Os primeiros habitantes que se tem notícia na cidade: os senhores José Paulino da Costa, Pedro Teodoro da Silva e Pedro José Teixeira, trouxeram para cá suas famílias e batizaram o lugar como “Serra de Dona Inês”, dando ouvidos à história que corria de boca-em-boca. Mas tem-se conhecimento de outras famílias na Zona Rural bastante antigas, como os Ferreira e os Gomes, no Sítio Queimadas.

Conta-se também de Zé dos Santos, homem muito trabalhador e inteligente, que habitou na região de Sítio Queimadas, comunidade localizada a 5 km da sede municipal. Ele teria conseguido uma data de terra diretamente do Imperador D. Pedro I, através de solicitação por carta, abrangendo toda a região de Queimadas, Pedra Lavrada, Tanques, Lajedo Preto, até o Curimataú, pois naquele tempo, as concessões eram realizadas de um a outro ponto formado por fronteira natural, como rios, montanhas, etc.

Com o passar dos anos, em 1943, por força do Decreto Lei nº. 520 o pequeno povoado passou a condição de Vila, onde na Divisão Administrativa do Brasil para o qüinqüênio 1944/1948, Serra de Dona Inês ainda figurou como Distrito de Bananeiras/PB. Na Câmara de Vereadores de Bananeiras com mandato de 1947 a 1951, constavam dois donainesenses: José Tomaz de Aquino (Zé Cardoso) e Luís Pedro da Costa (Lulinha). Estes dois foram os baluartes da independência de Dona Inês, aliados a alguns vereadores de Borborema. Receberam a força de um donainesense muito ativo e inteligente, que também foi vereador, o Sr. Leonel Paulino. A luta deles percorreu toda a década de 50.

Por volta de 1959, a Sede do Distrito de Serra de Dona Inês era composta por 277 (duzentas e setenta e sete) residências e possuía uma população de 689 (seiscentos e oitenta e nove) habitantes. Era um vilarejo muito pobre, cheio de buracos e com proliferação de casas de palha e gravatá. Seu povo era pacato e trabalhador. O comércio quase não existia. Predominava no Distrito a agricultura de subsistência (feijão, mandioca, fava, milho, etc.), sendo a produção de sisal (agave) e algodão, o sustentáculo econômico. Para ilustrar, havia apenas a Rua Manoel Pedro e um ajuntamento de casas para diante e para trás da Igreja-Mãe, e mais algumas descendo na direção do Tanque Velho.

Dessa época destacavam-se várias famílias que ajudaram a formar a sociedade donainesense, dentre as quais são sempre citados os senhores Gerôncio, S. Didi, S. Naun, Manoel Pedro, Prof. Edilon, Francisco Enedino, Antonio Pereira, Manoel e Pedro Praieiro, Joaquim Lucas, Gabriel Bento, Zé Birro, Severino Ramos, Manoel Borges, José Maia, etc.

A administração de Bananeiras para com o Distrito de Serra de Dona Inês era extremamente precária. Contato com autoridades praticamente não existia, exceto em período eleitoral. Havia apenas a Agência dos Correios e Telégrafos, o destacamento policial, um fiscal para cobrança de impostos e como obra realizada, o tanque velho.

Movimento da Emancipação: Movidos pela necessidade de crescimento do Distrito de Serra de Dona Inês, tanto na ampliação do comércio, como na formação educativa (escolar) da população e, levando em consideração o pouco caso com que Bananeiras assistia o Distrito, o Senhor José Tomaz de Aquino (Zé Cardoso), e os Vereadores Manoel Leonel da Costa (Leonel Paulino) e Luiz Pedro da Costa ( Lulinha), intermediados pelo Vereador Bananeirense, Senhor Elói Farias, juntaram-se aos Vereadores representantes do Distrito de Borborema, propuseram e conseguiram aprovar na Câmara de Bananeiras a Resolução Nº 36, de 17 de abril de 1959 (“concede desmembramento ao Distrito de Dona Inês”). Contando com o empenho do então Deputado Estadual Humberto Coutinho de Lucena, foi encaminhado a apreciação da Assembléia Legislativa o Projeto de Lei Nº 231/58 que criava o Município de Dona Inês/PB, composto por dez (10) Artigos. o referido Projeto de Lei recebeu duas (02) emendas, apresentadas pelo também Deputado Estadual Clovis Bezerra Cavalcanti: uma diminuía os limites territoriais do futuro Município e a outra suprimia a Comarca. Assim, em 19 de junho de 1959, o então Governador, Senhor Pedro Moreno Gondim, homologou a Lei Nº 2.141 (publicada no Diário Oficial do Estado em: 21 de junho de 1959), dando ao Distrito de Serra de Dona Inês, sua autonomia político-administrativa. No entanto, sua instalação oficial só ocorreu no dia 17 de novembro de 1959 (Emancipação Política). A partir de então, desapareceu o início do topônimo (Serra) ficando denominado apenas de Dona Inês (homenagem a primeira pessoa encontrada na Região).

Foi realmente uma luta árdua a da Emancipação, haja vista que Bananeiras se sentia forte politicamente, com a família Bezerra muito bem posicionada e uma das maiores latifundiárias da região, tendo à frente o Major Augusto Bezerra e o filho Deputado, Dr. Clóvis Bezerra, que viria a governar o Estado tempos depois. Dona Inês era o quintal político de Bananeiras. Certamente, colocaram muitos empecilhos para a Emancipação não sair. Por outro lado, quando não teve jeito, trataram de eleger o primeiro prefeito e de irmanar-se com os líderes locais.

Quanto ao Governador que assinou a Lei de Emancipação, Pedro Gondim, ficou imortalizado o momento em que chegou com a sua comitiva e cumprimentou os populares e políticos, na Av. Manoel Pedro, na esquina com a R. José Paulino. Uma foto foi guardada e reproduzida por D. Raimunda Pereira, constando atualmente no sitio da Prefeitura Municipal.

A emancipação saiu em 1959 e só haveria eleição regular no ano seguinte, portanto, o governador nomeou o Sr. José Tomaz de Aquino como Prefeito até que se realizasse a eleição. O seu mandato durou 11 meses. Na primeira eleição, em 1960, venceu o latifundiário bananeirense Mozart Bezerra Cavalcanti, cuja família detinha o poder territorial de quase toda Bananeiras e tinha um irmão deputado.

Mozart Bezerra chegou com força e abriu a avenida que levou o nome do seu pai, Major Augusto Bezerra e as transversais, José Paulino, Ana da Conceição Melo, José Carolino e Pedro Teixeira, homenageando os pioneiros. Construiu a Prefeitura no local atual, o Mercado Público, o Posto de Saúde, o Grupo Escolar e a estrada que liga Dona Inês a Bananeiras e Dona Inês ao Bilinguim. Implantou a energia elétrica em parte da Av. Manoel Pedro. Mozart renunciou para concorrer à Prefeitura de Bananeiras e assumiu o seu Vice, o Sr. Francisco Avelino da Silva durante um ano.

O segundo Prefeito foi o Joaquim Cabral de Melo, um latifundiário possuidor de quase 4 mil hectares de terras no município que continuou a obra de Mozart. Cabral era ex-militar da Marinha, casado com Zélia, serviu no Rio de Janeiro e era filho adotivo do Juiz José de Melo, proprietário da Fazenda Tanques e Sitio, de quem herdou sua imensa fortuna, e de dona Ana da Conceição Melo, cujo pai era o Coronel Zé Antonio, proprietário de boa parte das terras que deu como dote a Zé de Melo. Joaquim era um homem prático, decidido, voluptuoso. Era considerado um Coronel, aquele tipo que mandava e desmandava, temido e odiado pelos adversários. Segundo os mais antigos, o Dr. Zé de Melo herdeu uma grande propriedade, mas aumentou sobremaneira comprando as terras vizinhas das suas. Por ser o juiz, homem conhecedor das leis e muito temido pela população ignorante, adquiria terras a preço de banana, às vezes contra a vontade do proprietário.

Os demais Prefeitos foram: Antonio Lucas, Joaquim Cabral, Luís José, José Eugênio (filho de Joaquim Cabral), Ramon Ferreira, Luís José, Antonio Justino, Luís José, Luis José, Antonio Justino. (informações detalhadas de cada Administração no sitio municipal oficial: www.pmdonaines.pb.gov.br)

Ao longo dessas administrações, a pequena e pacata cidade foi se desenvolvendo muito lentamente em alguns momentos e mais acelerada em outros. Na parte de infraestrutura alcançou bons níveis de crescimento, com energia elétrica na zona rural, construção de escolas, praças, ginásios de esporte, calçamento de quase todas as ruas; mas no índice de desenvolvimento humano, deixou muito a desejar, de forma que a população continua muito dependente da Prefeitura e dos projetos sociais do Governo Federal.

Durante os anos da Ditadura, aconteceram diversos confrontos entre o poder público e a Igreja Católica apoiando partidos de oposição, que também recebia apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Era uma luta pela terra e por igualdade nas políticas públicas. Nessa época, as festas eram separadas, promovidas pelas duas frentes e quem pertencia a uma facção política não pisava na festa da outra.

No início dos anos 80 a rodovia que liga a cidade ao Bilinguim foi asfaltada e melhorou muito as condições do município. Todavia, o serviço não foi concluído a contento, de forma que não foi colocada a sinalização pertinente numa estrada repleta de curvas e faltou a área de acostamento. Hoje a rodovia está praticamente abandonada e é considerada perigosíssima, por ser muito estreita, sem área de escape e aclives e declives e 11 curvas, além de animais na pista.

 

O município está incluído na área geográfica de abrangência do semiárido brasileiro, definida pelo Ministério da Integração Nacional em 2005.[6] Esta delimitação tem como critérios o índice pluviométrico, o índice de aridez e o risco de seca.

A Serra de Dona Inês é muito bonita, é uma serra única, separada das demais pelos rios Curimataú ao norte e leste e pelo Salgadinho a Oeste, e a norte pela baixada que se estende para o Rio Grande do Norte. Do alto da Serra, a 527 metros em seu ponto mais alto, ali nas proximidades da Reserva de Mata Atlântica Mata do Seró, nascem os riachos que a rasgam ladeira a baixo, formando muitas pequenas quedas d'águas como a Cachoeira do Letreiro, Queda do Barrocão, Salto do Seró (Talhado). É nos meses de maio a julho que a Serra se transforma, devido a estação chuvosa. Tem-se verificado baixas temperaturas no ponto mais elevado, cerca de 14 graus e uma cerração intensa que chega a cobrir toda a cidade. O vento é cortante durante a noite, caracterizando o clima tropical de altitude.

Ao lado da cidade existe um grande lajedo, cerca de 20.000m² de superfície. A profundidade não se sabe. Dali são retiradas pedras como paralelepípedos, muretas e brita há mais de 40 anos. Apesar de servir de renda para muitas famílias, é um crime ecológico ao meio ambiente que poderá trazer muitos prejuízos aos habitantes do futuro e mesmo hoje, aos próprios trabalhadores, cuja ação ocorre numa temperatura superior a 50 graus, expostos aos raios solares e até mal alimentados.

Devido ao desmatamento desmedido, o solo perdeu muito da sua fertilidade motivado pelas chuvas que carrega as substâncias para os leitos dos riachos e rios da região. Assim os riachos também perderam parte de sua capacidade devido o assoreamento e erosões. Os agricultores também não colaboram, praticando os 'lerões' na posição vertical, que não combate a erosão e lavagem do solo. Sabe-se que o correto seriam os lerões na posição horizontal em relação aos declives.

Um estudo especializado confirmou que a 90% das águas existentes no subsolo são salobras e por isso o município é dependente das águas captadas da chuva ou daquela vinda de represas em municípios vizinhos. No município existem 7 açudes e muitos pequenos barreiros para juntar água para o enfrentamento da seca. Políticas governamentais levaram cisternas para as famílias e ajuda na captação do precioso líquido.

A geografia da cidade é um caso à parte, pois foi fundada numa espécie de panela que tem um dos lados abertos. A cidade cresceu justamente para as partes altas e durante os chuvas fortes sofre com inundações das águas que descem fortes e velozes e estouram pavimentos e galerias antes de se perderem riacho abaixo.

Exceptuando-se a Mata do Seró, que de reserva florestal só tem o nome, no que a preservar diz respeito, a vegetação é formada por árvores isoladas, que restaram do desmatamento e de frutíferas como mangueiras, cajueiros, jaqueiras, coqueiros, pitombeiras, juazeiros, etc., a área municipal é completa de pequenas culturas, de alguns campos próprios para pecuária e de mato natural como amorosa, cactus e diversas espécies de bromélias e matos silvestres.

Outra predominância são as pedras, isoladas ou formando diversos grandes lajedos. A mais famosa das isoladas é a Pedra do Bico, na comunidade rural Boa Vista. Existem muitas outras bem lapidadas pelo tempo, passando a impressão de que já foram submersas.